Vê se vês terras de Espanha as praias de Portugal"
Aqui esta um excerto da famosa Nau Catrineta, um poema decerto conhecido por quem estudou literatura portuguesa. No entanto, por muito aplicados que sejam os estudantes e por muito competentes que sejam os professores, há coisas, diria pormenores, que nos escapam sempre. E eis que a escola da vida e da amizade nos descodifica/complementa esses pormenores, mesmo quando menos esperamos, mesmos nas situaçoes mais inospitas, como numa banal conversa de msn... Pois, a comprovar aquilo que venho a dizer, acabei agora de descobrir a etimologia da palavra " caralho", essa bela, actual, grandiosa e mui-usada palavra da nossa língua, apesar de todos os preconceitos que a rodeiam. Acabei de descobrir porque a minha amiga Mariana, companheira fiel do msn do domingo a noite, é uma grande expert em etimologia do portugues. Um poço de cultura - asseguro-vos.
Ora aqui fica o nossa didáctica conversa. E não, não tem nada de muito feminista...
Ignnis: Explica-me lá então a etimologia da palavra caralho...
mariana dit : caralho, é o nome dado ao cimo do mastro do navio
Ignnis dit : e porque e que o mastro passou a designar-se cm orgão sexual e ofensa?
mariana dit : 1º pk os homens adoram comparar o seu membro favorito a coisas grnades, altas, forts, pontiagudas enfim, fálicas...
Ignnis dit: Concordo...
Mariana dit: 2º porque mandar alguem para o caralho era manda-lo para o pior sitio do navio: o mais alto, mais desconfortável, onde se sentia mais o vento e a ondulação.
Assim, quando o capitão da nau catrineta manda o marujo ao mastro real, esta efectivamente a manda-lo para o Caralho. E a expressão permaneceu. Passaram as decobertas, as conquistas, vieram os iates e os submarinos e a expressão permaneceu com todo o seu vigor e majestade. Portanto, da próxima vez que mandarem alguém pro caralho, estão, em bom português, a mandar alguem, nada mais, nada menos, para o mastro mais alto . Como diria o Pessa: " E esta hein???"
Isto de ter sempre o mesmo sonho todas as noites torna-se aborrecido. Era assim: saía de casa, ia até ao carro e dizia à família «vamos lá fazer essa viagem». Primeiro entravam a mulher e as duas crianças, depois os pais, ele instalava-se ao volante e pronto, não havia lugar para os sogros! Era sempre a mesma coisa. Por mais que empurrassem, não conseguiam metê-los lá dentro.Acordava a suar, empurrando ainda qualquer coisa que não estava lá.A mulher aconselhou-lhe uns calmantes, para ver se o sonho se ia.Mas nada. Lá vinha sempre, todas as noites. É verdade que empurrava menos, talvez os calmantes, mas continuava naquele desespero de não conseguir enfiar os sogros no carro alucinante.Os sogros disseram-lhe que não se interessavam em ir, não faziam questão, já estavam velhos para viagens. Os pais prontificaram-se a ceder os lugares deles.Toda a família colaborava, mas o sonho continuava. Chegou a fazer experiências, a meter a família completa no velho Citroën arrastadeira. E conseguia, lá se metiam todos, mais ou menos apertados mas entravam. Mas no sonho não.A coisa tornava-se desesperante. - Porque é que não vais ao Mora? Ele é psicanalista, explica-te, tira-te isso – insistia a mulher, já arreliada, e preocupada também, com aquelas viagens nocturnas e frustradas em que ele se envolvia sem culpa.O Mora era amigo de infância, nem sequer permitia que ele pagasse, era extraordinário! Às vezes até ia lá jantar. E respondeu à mulher: - Tens razão, Xuxa, vou mesmo, que isto assim não pode ser. Tens sempre razão menina. Contou tudo. O Mora mandou-lhe contar mais, o passado continua sempre oculto, ao que disse. Deitado, contou-lhe o que ele precisava era de derivar, sabem, encontrar qualquer coisa além do carro e da viagem que não fazia em sonhos. Derivar. Substituir o carro. Agradeceu e convidou o Mora para jantar no sábado. O Mora não podia e deu-lhe uma palmada nas costas. Chegou a casa aliviado e esclareceu a Xuxa: - Vou derivar, menina. - Derivar? Sim, substituir o carro e tudo o mais, excepto tu, as crianças, os velhos e a casa. (...) À noite não sonhou. No dia seguinte a Xuxa disse-lhe que até parecia dez anos antes.Tudo voltou à normalidade, os sogros deixaram de se preocupar com a viagem, as crianças entusiasmaram-se com os estoiros da moto. E o carro na garagem.E, de repente, tornou a sonhar. O sonho.Assim: saiu de casa, foi até ao carro e disse à família «vamos lá fazer essa viagem». A mulher e as crianças entraram, depois os pais, e ele instalou-se ao volante. E não havia lugar para os sogros! Começaram a empurrar para os meter lá dentro, e nada. Então virou-se para a garagem. Estava um pouco diferente mas a moto continuava lá dentro. Deixou tudo, montou a moto, pôs o chapéu de palha e avançou pela estrada. Uma estrada larga, muito aberta a tudo. Pareceu-lhe já a ter visto alguma vez. Olhou para trás e lá ao longe, à porta da casa, continuavam a empurrar-lhe os sogros. Acenou uma despedida, acelerou e continuou, olhando árvores e nuvens. Ainda não voltou.
Mário Henrique Leiria, Contos do Gin-Tonic& Luis Aquila, Pintura entre Losangos
Seremos nós os eternos responsáveis por tudo aquilo que cativamos? E por tudo aquilo que descativamos? Estamos nós preparados para assumir a responsabilidade? Será plausível culpabilizar os cúmplices? Hum...
Aproveito para deixar aqui a minha pequena-grande e sincera homenagem a este ratinho que me acordou, adormeceu e divertiu tantos dias da minha vida. Como foi possível esquecer-me dele no post precedente...??? Desculpa giginho... bem sei que também estás de luto!
Porque o Tonto ainda continua a ter por divisa a sua própria tontura... e a violação dos direitos dos ratos e da comunidade Muridae continuam por denunciar...
Aparentemente oriundos das regiões temperadas da Ásia Central, que através das migrações das rotas comerciais e militares se foram espanhando pelo mundo, tal qual sementes levadas pelo vento, são eles, os ratos, a maior familia de mamiferos da actualidade. Sabe-se que esta grande familia dos Muridae devido à sua quantidade e popularidade inspirou muitos artistas que foram influenciando muitas criancinhas durante décadas e décadas. O Mickey, o Bernardo, a Bianca, a Minni, o Smith, o Sam, o Jaque e o Tátá fazem parte do imaginário infanto-juvenil de qualquer um de nós. Não é verdade? Hoje em dia, com a explosão massiva dos computadores pessoais, todos nós passámos a ter um rato de estimação. Ligado a corrente ou com a possibilidade de ser sem fios também, eles profiam as nossas casas. E dão um jeitão. Estão mesmo por todo o lado: Na secretária do escritório, no esgoto debaixo do prédio, no ecrã da televisão, na barriga do nosso gato, em cima da cama como boneco de pelúcia, lá estão os ratinhos, silvestres ou ratazanas, a marcar presença. São, efectivamente, um elemento importante para as nossas vidas evidentemente! Todavia, são mais do que nunca vitimas dos nossos preconceitos, fobias e taradices. Não há mickey mousse que baste para salvar a imagem desta vasta comunidade! Vitímas laboratoriais, de ratoeiras, de veneno mata-ratos e de intensos controles de roedores por parte de proprietários e camaras municipais (desratizações), os ratos estão a ver a sua especie a sofrer uma espécie de genocio. Apanhei um raticida em flagrante e achei por bem denunciar a imagem chocante e irrateira (neologismo para exprimir, inumano, mas na versão rato). A imagem fala por si. Os que forem mesmo sensiveis, não vejam a imagem, porque ela choca mesmo! Sem dó, nem piedade, com orgulho e malicia, dois cães e sete espadas cruas, o raticida, caçador de há longa data, tal qual carrasco da idade média, fez com que o destino destas tres ratinhas, fosse cruel e injusto, numa palavra, trágico. Pobre fim para quem andava só à procura de comida, nesta sociedade faminta e egoista... O joão ratão está de luto e a carochinha também...
Ps: uma palavrinha ao raticida: .... impressionante....
- "Pois.., eu estava ali..., estava a reparar...é incrivel...como é parecida com a filha da Ana Paula T." -disse o escritor à jornalista.
Apos a leitura de algumas passagens do livro de José Eduardo Agualusa, O Vendedor de Passados, em francês Le Marchand de Passés, por Thibauld Montalembert, num salão perdido num edificio vasto e labirintico em Montparnasse, e depois de um breve debate entre presentes sobre o mesmo romance, logo sobre a Angola dos nossos dias, não podiamos (Tania, Soraya e Pedro) deixar de levar "novos passados" comprados a meias pelos três...
Com direito a uma dedicatoria também ela colectiva (garantida pelo proprio José Eduardo Agualusa como a primeira dedicatoria conjunta alguma vez feita por ele), e a explicações sobre as trocas de olhares furtivas, do escritor para a nossa jornalista, la partimos com um livro sobre passados, que ficará como uma lembrança de um feliz encontro em Paris.
Insultos de todos os géneros, nem bom dia nem boa tarde, pés nos assentos, grafitis nas paredes, falta de respeito de todos para todos, más disposições, papeis, beatas de cigarro e pastilhas elasticas lançadas ao chão e muito intolerancia citadina nos transportes públicos, fez com que a RATP, empresa que gere estes transportes em Paris, afixasse, por tudo o que é painel e parte, uma forte e multi-milionária campanha contra todos estes comportamentos primários, arcaicos e pré-historicos do homem dito " modernus". Ele que é a vedeta invisível de toda a campanha. Segundo esta inteligente publicidade, o homem dito " modernus", "(...) não estaciona o carro (um mamute) nos corredores dos autocarros; deixa de ser agressivo ( figurado por um bastão) antes de entrar no bus;conhece o conceito de caixote do lixo há mais de 35.ooo anos, e por ai em diante. São sete os cartazes que apelam ao respeito dos individuos e às suas diferenças, ao respeito dos lugares e bens comuns, ao respeito do pagamento dos bilhetes e títulos dos transportes, ao respeito pela segurança e cumprimento das regras colectivas, em suma, ao respeito que visa uma vida colectiva pacifica e civilizada. Na esperança que a a campanha surta efeitos inteligentes no homem, dito " modernus", só me resta dizer "Parabens Ratp". Por este singelo apelo e por esta campanha lúcida, lúdica, didáctica e divertida! Como deve ser. Para quem ainda não a viu, clicar aqui.
Pub inteligente 1 - Como é que o conceito de beleza anda tão.. distorcido?
Pub inteligente 1.
" Evolution" é o nome da mais recente campanha da Dove, conhecida marca de cosméticos, champôs e afins, que o ano passado já tinha lançado uma outra campanha bastante interessante, que agora não me lembro do nome, mas que mostrava mulheres de diferentes tamanhos, formas e cores muito" bem na sua pele". Ora, num tempo em que todos falam de top-models e dietas milagrosas, num tempo em que a generalidade da publicidade acompanha e fomenta essa tendência , a Dove, vem relembrar, once again, que a ideia de beleza anda por aí muito distorcida.. Mais, a conceituada marca, vem relembrar que ser Belo não tem de ser necessariamente uma realidade uniformizada, absoluta e intocável: deve ser sobretudo e também o resultado de uma uma aceitação pessoal e claro, no caso da fisica, o trabalho e todos os retoques dos maquilhadores, cabeleiros e web desiners. No final desta pub qualquer mulher se sente mais bonita! Certo, mulheres? Porque afinal, qualquer beleza dita e tida com " banalissima" pode EVOLUIR e ser tomada por uma "Belissima"! " Du manequin a l'affiche"...( nada que não soubessemos já, mas a demonstração vale por si)
Depois de 25 dias de arduo trabalho entrei de férias!!! :) 10 dias de férias :) Nunca gostei tanto dos Santos todinhos ou de todos os Santinhos, como agora. A sério. Férias. Bazar daqui. Com destino evidente. Pois, mas elas não me saem da cabeça... negras de mais pra serem Europeias, muito claras pra serem Africanas...! Entre oceanos de cascalho, montanhas, vales floridos e desertos de areia dourada, flutuam mesmo ali ao largo do Senegal. Urgentes. Preciso - AS. Preciso desse tempo,quietude, maneira boa-doce-sorridente com que nos sabem embalar o corpo. Preciso- AS. E sobretudo, faz-me falta aquela gente que adora fazer a festa e para quem a música, "reine des reines", sai do fundo do coração... e nos poe a dançar. VERDES, elas são verdes! Na hora de comprar o bilhete para a capital, hesito, mudo a rota ao avião, ou não?
Marilyn Monroe. 59 fotografias.As últimas, captadas por uma lente. 1962. 6 semanas antes. Musee Maillol (Rue de Genelle no 7º arrondisement). Touching... A aparência às vezes ilude outras vezes não...
As costas queixam-se da mala pesada aos ombros. As pernas queixam-se dos quilometros de marcha intensiva todos os dias com a mala pesada aos ombros. A cabeça queixa-se das horas que não se dorme todos os dias a pensar no dia seguinte de quilometros de marcha intensiva com a mala pesada aos ombros. A pele queixa-se das olheiras fundas causadas pelas horas que nao se dormiu a pensar nos quilometros de marcha intensiva do dia seguinte com a mala pesada aos ombros. Os braços queixam-se disto tudo. Estao tão cansados que esgotam a pouco paciencia que têm... nas maos. As mãos que deviam fazer mexer os dedos que por sua vez deviam escrever ideias sem se lembrarem da mala pesada aos ombros, dos quilometros de marcha intensiva do dia de seguinte e das olheiras fundas de que a pele se queixa. Mas, os dedos, também estão contagiados pela influencia das costas que se queixa da mala pesada aos ombros, das pernas que se queixam dos quilometros de marcha intensiva todos os dias com a mala pesada aos ombros, da pele que se queixa das olheiras fundas porque não se dormiu a pensar no dia seguinte de marcha intensa e mala pesada aos ombros. Tudo se queixa, enquanto os olhos se fecham e a cabeça desiste de compreender. A única coisca que lhes apetece é um banho e os lençois da almofada lavados. Ler? Hoje? Ah não, hoje não! Caramba! será velhice, reumático ou só um inicio de semana agitado? Cuida-me...
Com um enorme atraso, devido a razões ornitológicas, finalmente digo: Presente!
Não posso esconder a alegria que resulta escrever as primeiras linhas! Depois de andar um pouco TONTO, cá resolvi afirmar a minha ignorância informática, aliada ao receio de não saber escrever!
Agradeço o convite da senhorita Ignnis (ainda tenho de descobrir a razão deste nome) e tentarei, sempre que possível, contar e mostrar as minhas Tontices.
Termino com as palavras de um amigo
INSCRIÇÃO SOBRE AS ONDAS
Mal fora iniciada a secreta viagem um deus me segredou que eu não iria só.
Por isso a cada vulto os sentidos reagem, supondo ser a luz que deus me segredou.
Talvez te tenha achado de repente, longe do equilibrio... Algures entre a cave das sonoridades e o parapeito da minha janela. Achei-te por acaso, Naquela noite onde as luzes da cidade, por mistério, ou transcendentices Incognitas ou coincidencias se decidiram apagar... Algures na cidade grande e fria, crescia sem saber, um novo reino... *** Amarrado a sonhos e a lendas antigas de principes e duquessas. Atravessou Muralhas, pontes e cercos. Fez duelos entre os lençois e a rua. Armou batalhas. Alargou a territórios. Viu crescer *** Heróis sem espada, sem armadura nem passaporte... Eramos só nós. Longa foi a marcha e ecos de muitos passos. Deixa-me dizer-te que te nomeei Rei do meu reino, agora encandiado. Existem mais altos, sim, mais fortes, sim, maiores, Também! Mas agora sei que a unica Rua que existe entre a cave e o parapeito da minha janela me conduz...somente a ti.
O que a wikipédia nos diz e a linha verde nos ensina.
* Amor - um sentimento característico dos seres humanos. * Amor - uma figura mitológica da Antiga Roma. * Amor - uma freguesia no concelho de Leiria, em Portugal. * Amor - Produto alimentar feito a base de amendoim torrado e pilado com farinha e açúcar, produzido pela Sign's e de grande sucesso nos anos 80, sua principal característica era a embalagem quadrada, contendo um coração vermelho e a inscrição AMOR. * Amor - a palavra amor pode ser entendida também como sexo, quando usada em expressões como "fazer amor".
Mas Amor pode ser também Roma ao contrário. Como tem coincidencias floridas (amo+rosas) a lingua portugesa. Ao que parece a espanhola também. Eis a minha descoberta fantástica, útil e indispensavel à vida humana essa que fiz nas viagens sempre muito cosmopolitas do metropolitano de Lisboa! Só que, o que a wikipédia não me explica, e o que não encontrei na linha verde do metro das sete colinas é a resposta a: Afinal, viver é ganhar tempo ou perder amor? Ou será antes, perder tempo e ganhar amor? Quem tiver a resposta.... é esta a minha grande questão há já algum tempo.... P'ro que me foi dar.... Será da idade?
Eu até já me tinha esquecido... Talvez, esquecido de propósito. Foram os simpaticos postalinhos que chegaram a minha caixa de correio, as mensagens e telefonemas dos mais próximos e as msg aqui no blog que me fizeram tomar consciência que aquele era mesmo o meu dia de anos. O meu dia de anos que se acumulava há cada vez mais anos... Certos amigos acharam por bem, cantar-me os parabens. Acharam por bem arranjar um bolo. Mas como nesta terra até os bolos são os olhos da cara, tivemos de ir pro passeio, ali mesmo em porte de orleans , cantarolar ao ritmo dos acordes. Uma tentativa para arranjar os trocos que nos iriam por a boca doce e dar-me a possibilidade de soprar as velas (tantas!!!) . Com um reportorio vasto e muito bem ensaiado e a solidariedade dos trauseuntes, conseguimos o que queriamos. E o resultado foi o bem sucedido e tão almejado bolo - uma mistura de torta do franprix preço especial, nutella em promoção e smarties preço reduzido. Exceptuando a ausência de pessoas fundamentais à minha existência, sanidade e equilibrio emocional, estava optimo.
E foi entre as versões portuguesa, inglesa, francesa, espanhola, indi, urdu, alemã, arabe e poloca que se cantou os parabens. Agora o que já cá canta é o Quarteirão...
"Para ser grande, sê inteiro, nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda brilha, porque alta vive."
Já arranjei muito bem Tudo quanto convém P’ra praia levar O pente, o espelho, o baton E o creme muito bom P’ra me bronzear Tenho o meu rádio portátil E o bikini encarnado Também está no meu rol E como é bom de ver Não podia esquecer
Os meus óculos de sol Que levo p’ra chorar uuuuhuh Sem ninguém ver chorar P’ra não dar uuuuhuh A perceber P’ra ocultar uuuuhuh O meu sofrer Pois eu sei que te hei-de encontrar Talvez deitado à beira-mar Com outra lado
E eu vou passar A tarde a chorar Já pensei não sair Mas aonde é que eu hei-de ir Com este calor? O que é que eu hei-de fazer P’ra não ter que te ver Com o teu novo amor?
Ver-te-ei com certeza Mas eu peço à tristeza Um pouco de controle E pelo sim pelo não Eu vou ter sempre à mão os meus óculos de sol Vou chorar Uuuuh uh Vou sofrer Uuuuh uh Vou chorar Uuuuh uh!
O silêncio é o Vazio, O Escuro, o Nada. O silêncio é o mar que não agita em dias de tempestade. É a luz do farol que não ilumina em noites de calmaria. O silêncio é um velho que sorri num banco de um jardim. É o barco atracado a concha quebrada, o búzio partido...
Mas o silêncio é também a curva fechada do meu rosto, que ainda treme quando te tenta falar. É também chegar a casa e já não ver a tua mala junto à porta. É também os três pratos em cima da mesa e uma cadeira vazia. É todas as fotografias que choro às escondidas e os dez anos de solidão que me deixaste. É também a tua bicicleta parada no canto da nossa adega, agora suja. É também as vindímas que já não se fazem e as multidões que já não se recebem. É também a cor gasta da nossa casa junto a praia. É o teu chapéu de todos verões ainda no mesmo sítio. É as tuas réguas e lápis paralizados em cima da escrevaninha agora abandonada. É também o teu perfume alterado na cómoda onde ainda escondo os cigarros que não fumaste. É todas as viagens que ficaram por fazer, todas as dúvidas que ficaram por responder, todos os amigos que ficaram por apresentar, todas as lágrimas que ficaram por limpar todos os sorrisos que ficaram por partilhar...
O silêncio... Oh este silêncio! Este silêncio de já não ver o brilho dos teus olhos, de já não sentir os teus passos de mansinhos no corredor, de já não ouvir a melodia da tua voz... Essa voz que um dia, rompia todos os silêncios, e todos os dias me dava os Bons-Dias. Ah este silêncio! Este silêncio de há tantos anos, Este silêncio que também Dói. Que também dói Demais. Mas este é também o silêncio que não Emudece nunca. Porque nunca te deixei... Tanto... Porque afinal, longe de todos os silêncios, Vives, ainda Aqui.
A 1ª "noite em claro" passou-se na madrugada de 5 para 6 de Outubro de 2002. Ou seja, há precisamente 5 anos. Bem à medida da Festa da Música, que, desde 1981, tem lugar todos os meses de Junho com o intuito de fazer da música uma festa de todos, a Nuit Blanche alarga-se de maneira a fazer da arte em geral, algo acessível a todos. Para isso mete em valor todo o espaço urbano e ao longo da madrugada produz um momento de verdadeiro convivio entre os que arriscam sair às ruas. Palácios e Museus abrem as suas portas durante toda a noite, gratuitamente para quem os quiser descobrir ou redescobrir. Pelo meio, muitos espectáculos que passam por concertos, peças de teatro, fogos de artificios, entre muitos outras manifestações. Eu descobri a Nuit Blanche, em Paris, há exactamente 3 anos. Quando na altura tinha todo o tempo, disposição e curiosidade do mundo para descobrir o que a cidade das luzes eléctricas tinha para oferecer. Fiquei encantada e desde então que não perco uma. Claro que o grande incoveniente é a maré de gente e as filas que se formam à entrada de tudo o que é visitável, mas acreditem que vale a pena. E, claro está, iniciativas como estas não se devem perder. Este ano, à semelhança dos anos precedentes, o programa é vasto e diversificado (para o conhecer clicar aqui) só que a chuva parece querer afastar os participantes, ou não tivesse já chegado o Outono a estas bandas. Em todo o caso, acho que não vai conseguir. Eu, já fiz a minha escolha para esta noite em branco. Em unanimidade com alguns amigos, decidimos que vamos desafiar as águas de Outono e ir assistir a um pioneirissimo concerto electro-acustico sub-aquático orquestrado por Michel Redolfi. Um inédito que nos vai obrigar a mergulhar numa piscina transformada em « réservoir onirique » para imergirmos todos num "bain de sons et lumières". Para aqueles que ainda estão a tempo de vir, aqui fica a sequência prevista para esta noite:
19h-20h : Angel Bath (exclusivement enfants accompagnés 5/11 ans) 20h-00h : Dream Tank 1 (pour tous publics) 00h-02h : Moon Bath (pour tous publics) 02h-06h : Dream Tank 2 (pour tous publics) 06h-07h : Sunrise (dédié aux Seniors + 65 ans)
A mim resta-me só ir à procura de um fato de banho, tarefa inglória para um sábado de chuva, (estupidamente me esqueci-me do meu em Lisboa), mas nem que seja um daqueles comprados por 6 euros nas máquinas ao lado da piscinas da Ciup, hei-he arranjar. Porque, por nada deste sádado quero perder ( à borlix) o Moon Bath!!!
O inglês Terry Lloyd foi o segundo jornalista a perder a vida ao fim do quarto dia de guerra no Iraque, em Março 2003, enquanto cobria o avanço dass tropas de coligação em Bassorá. Com ele estavam mais três pessoas: o tradutor libanês, Hussein Othman, também assassinado, o belga Daniel Demoustier, que ficou ferido, e o repórter francês Fred Nérac, na altura, dado como desaparecido. Acabei de confirmar os dados na edição do Público. Três anos e meio depois o inquérito concluiu o que concluiu. Lembrei-me entao de um artigo que li sobre John Rawls, um filósofo americano, que defendia que, se por uma lado, uma guerra travada por países governados por ditadores era injustificada (visto que atendem às politícas megalomaníacas dos seus ditadores, ou visam apenas dominar e escravizar certas populações), por outro lado, quando travada por países democráticos a guerra pode ser justificada. Eis aqui os principios estipulados no pensamento democrático liberal ocidental e reiterados por Jonh Rawls que poderão justificaram uma Guerra: deve ter por fim a paz duradoura entre os países envolvidos e aniquilar objectivos expansionistas dos lideres ditadores. Deve poupar a população civil e os soldados não devem ser responsabilizados (na medida que estes tem o seu patriotismo explorado pelos governantes). Se vencer a Guerra o país democrático deve proclamar a democracia e o cumprimento integral dos direitos humanos do outro país. A questão é que na Guerra do Iraque, nem o Iraque tinha objectivos expansionistas em relação aos EUA ( ou de outra nação como aconteceu no Golfo), nem representava uma ameaça para os americanos, visto que as armas de destruição em massa já tinham sido destruidas, e muito menos havia ligações com Osama Bin Laden. Hoje, três anos e meio depois temos um Iraque ocupado e que desrespeita ainda o cumprimento dos Direitos do Homem. Hoje, três anos e meio depois temos é um inquérito que mostra que o Governo de Bush não só não poupou iraquianos como assassinou jornalistas europeus, aliás, seus aliados. Ora, e se ele foi capaz de fazer isto com os aliados, nem sequer é bom imaginar o que fez com a populaçao local do palco da guerra. Hoje, três anos e meio depois, é preciso continuar a berrar ao mundo que o verdadeiro ditador, no final das contas, é Bush e os seus acessores. Um ditador que se tenta disfarçar, mas que disfarça mal. Um presidente mediocre que conduziu (e conduz) os americanos a guerras injustas, fruto de rivalidades pessoais, de interesses petrolíferos e de necessidade de aumentar gastos militares. E isto é vergonhoso! Mais vergonhoso porque, pelos vistos continua e vai continuar... Afinal, quantos mais vão ser abatidos? Moral da história: não há só vencedores bons e sem vitimas, nem há só vencidos maús e sem culpados...
Mãe: Os amigos são aquelas pessoas que nos querem bem. São aquelas pessoas com quem partilhamos as coisas simples e importantes da nossa vida.
Filho: E para que servem os amigos?
Mãe: Quando somos pequenos é com amigos que brincamos. Às vezes também nos zangamos com os amigos. Mas raramente conseguimos ficar muito tempo zangados. É aos amigos que contamos as nossas coisas, com quem cantamos, rimos alto, dançamos que nem tontos e choramos sem ter vergonha.
Filho: E quando ficamos grandes, continuamos a brincar com os nossos amigos?
Mãe: À medida que vamos crescendo vamos ganhando novos amigos e perdendo outros. Aguns dos amigos de infância, com quem brincávamos muito, com quem descobriamos uma data de coisas e com quem faziamos imensas diabruras juntos, continuam do nosso lado, sim! Não só para as brincadeiras, mas também para nos ajudarem a resolver os problemas que vão aparecendo quando somos grandes. E eles são capazes de nos ajudar porque nos conhecem muito bem. Outros amigos vão para longe e à medida que o tempo passa vão deixando de dar notícias. Se bem que os verdadeiros amigos, por muito longe que estejam, nunca lhes perdemos o rasto..
Filho: O que é " nunca lhes perdemos o rasto"?
Mãe: Significa que nunca deixamos de saber deles. Nunca deixamos de nos preocupar com eles. Queremos sempre saber se estão bem ou mal e eles a mesma coisa em relação a nós. Significa que mesmo que eles não estejam perto, como era costume, fazem ainda parte da nossa vida. Enquanto os sentirmos. Enquanto nos lembramos deles. Enquanto nos inspirarem. Enquanto responderem aos nossos apelos e enquanto nós respondermos aos deles. E isto passa-se num lugar muito especial dentro de nós...
Filho: E sempre que os encontramos o que acontece?
Mãe: Sempre que os voltamos a encontrar o nosso dia ganha outras cores e o nosso sorriso fica ainda maior do que costume. Porque rever os amigos é sempre uma festa e uma festa com os amigos de sempre é sempre qualquer coisa maravilhosa...sempre!
Filho: Ah então já sei, mamã!!! Os amigos servem para nos fazer felizes!
A Res pública portuguesa está hoje de parabéns! 96 anos feitos de bons e maus momentos, de gente interessante e menos interessante, de causas justas e menos justas, de fome e de fartura, de opressão e liberdade, de trincheiras e milagres, de emigrantes e turistas, de guerra e de paz, de tempestades e calmarias, de secas e inundações, de governos provisisórios e de previsões de governos, de colheitas e importações, de caminhos de cabras e de pontes sobre o Tejo, de "orgulhosamente sós" e de europa de segunda, de lamparinas e televisão, de cozido e macdonalds, de futebol e fado, de exposições mundiais e campeonatos europeus... Enfim, de uma data de coisas públicas trilhadas numa montanha russa de emoções e preocupações percorrida em altos e baixos. No percurso, muitas piroetas completas, vómitos e arrepios na espinha. Hoje já não há rei que possa ir nú, os regicidas já não são heróis e a res pública foi-se privatizando. Também se encheu de corruptos e mal falantes. Disse hoje o Sr. Presidente da res pública portuguesa: "No combate por uma democracia de melhor qualidade devem ser convocados todos os portugueses, mas esta é uma tarefa que compete, em primeira linha, aos titulares de cargos públicos". Não é que concordei com o sr. presindente!!!! Pois, nas entrelinhas surgiram-me as interrogações: se os funcionários da" coisa pública" e todos os ministros são pagos com os dinheiros públicos da res pública, porque é que eles não começam a frequentar o hospital público? Não começam a por os filhos a estudarem em escolas públicas? Não começam a deslocar-se em transportes públicos? E sempre que recorrerem à justiça não escolhem os advogados públicos? Afinal, se o trabalho deles é, em todas as formas e prespectivas, zelar pela excelência do serviço público da nossa res pública, não custa mergulhar no sistema para tentar percebe-lo na tentativa de poder melhora-lo. Talvez assim estejamos a dois passos de uma res pública de qualidade...
Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada, y tiritan, azules, los astros, a lo lejos". El viento de la noche gira en el cielo y canta. Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Yo la quise, y a veces ella también me quiso. En las noches como ésta la tuve entre mis brazos. La besé tantas veces bajo el cielo infinito. Ella me quiso, a veces yo también la quería. Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos. Puedo escribir los versos más tristes esta noche. Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido. Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella. Y el verso cae al alma como al pasto el rocío. Qué importa que mi amor no pudiera guardarla. La noche está estrellada y ella no está conmigo. Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos. Mi alma no se contenta con haberla perdido. Como para acercarla mi mirada la busca. Mi corazón la busca, y ella no está conmigo. La misma noche que hace blanquear los mismos árboles. Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos. Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise. Mi voz buscaba el viento para tocar su oído. De otro. Será de otro. Como antes de mis besos. Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos. Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero. Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido. Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos, mi alma no se contenta con haberla perdido. Aunque éste sea el último dolor que ella me causa, y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.
Há uns tempos uma jornalista da RTP perguntou a José Saramago aquilo que muitos portugueses também se perguntaram na altura - como comentava a contradição entre o voto em branco e a sua candidatura ao Parlamento Europeu- ao que o nobel respondeu: "a senhora só faz perguntas estúpidas". Nem pareceu resposta de Nobel! Também há uns tempos o Sr. presidente do Futebol Clube do Porto, perante uma pergunta, à epoca, actual (relacionada com o facto do presidente da Câmara do Porto estar ou não a seu lado), reagiu assim: "essa é uma pergunta estúpida". Pois eu, sou um bocado sensível a estas coisas das perguntas estúpidas. Porque acho que não existem propriamente perguntas ditas estúpidas. O que acho que existe, sim, são perguntas inúteis, e isso é muito diferente de perguntas estúpidas! Estas últimas não são senão aquelas perguntas que aos olhos do interlocutor têm uma resposta implícita, e por isso lhe parece desnecessária. Exemplificando, alguém esta à nossa frente e pergunta-nos: Tás ai ? (e nos temos vontade de responder: não, estou ali, o que estas a ver é uma miragem...) ou então a nossa chefe na redação pergunta: Vieste trabalhar? (não, é a minha irmã gémea...) ou então a tia que nao vemos ha anos pergunta: Tás mais velha, ou é impressão minha?(não, com a idade fiquei mais nova...) ou finalmente, quando saimos de casa de bikini e levavamos com a nossa mãe a perguntar: vais à praia??? (claro que não, mamã, vou fazer alpinismo!). É verdade, que há perguntas ingénuas, perguntas preguiçosas, perguntas enfadonhas, perguntas mal formuladas, perguntas feitas sem pensar. Mas todas elas, mesmo as mais inúteis, representam uma vontade de compreender melhor o mundo, alguma coisa, alguma situação, alguém... Ou servem simplesmente como complemento, confirmação ou preocupação. Daí que não haja perguntas estúpidas. Já na Antiguidade, dizia Sócrates, o filósofo da ironia (ironia que em grego significa interrogação), que a sabedoria começa pelo reconhecimento da própria ignorância, "eu sei que nada sei". Daí que perguntar, à minima dúvida ou para o mais curto esclarecimento, seja fundamental. Mesmo que nos tenhamos de sujeitar ao PÉSSIMO génio dos interrogados.
"E assim continuamos a perguntar e a perguntar Até que uma mão-cheia de terra Faça calar as nossas bocas ― Mas será isso uma resposta?"
Sempre entendi as praxe académicas como um ritual de integração e de boas novas ao "maravilhoso mundo novo", que é esse o da Universidade. Pelo que nunca me manifestei contra. Se bem que também nunca fiz grande questão de participar, pelo simples motivo de que a faculdade que frequentei nunca teve grandes tradições de praxe. Pelo contrário.Mas ao que parece, a praxe é cada vez mais tomada como veículo de humilhação. Também sempre achei que só deveria participar nas praxes quem bem o entendesse. Isto é, os rituais das praxes deveriam ser sempre levados como propostas e nunca como imposições, obrigações e afins. Infelizmente fundamentalismos existem por toda a parte e gente estúpida também. Passo a trancrever o Jornal de Noticias:
E recordo o que a Mariana fez questão de não nos esquecer: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS "Artigo 5: Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes."
Ora, parece-me que no caso aqui descriminado, os srs. engenheiros da comissão de praxes universidade do Porto têm no mínimo uma postura DESVIANTE, BOÇAL e ATENTATÓRIA do conceito de Praxe. A humilhação pela simples razão da humilhação. A violência pela simples razão da violência.Talvez esta seja a única maneira de se imporem em alguma coisa. Se tivesse oportunidade gostaria de perguntar aos intervenientes desta barbaridade, o que acham sobre a lei de esmuraçar, pontapear e agredir todos aqueles, seja lá pelos motivos que forem, não foram votar nas ultimas eleiçoes? Quantos deste conjunto não acabariam também no hospital? Ao que tudo indica, Democracia e Liberdade são conceitos que ainda estão aí por descortinar...
De como um assador de castanhas pode fazer o Outono.
Os dias longos e o calor do verão tinham os dias contados. Cediam agora lugar às noites cumpridas e à passagem da brisa fria do final da tarde. Os amores que conseguiram escapar de ser apenas " de verão" engendravam então as táctitas para superar as tempestades de inverno. Temperavam-se com delicadas doses de vinhos e chocolates quentes, calorosos abraços e segredos de endredons. Os primeiros casacos e camisolas quentinhas começavam a abandonar os armários e as árvores começavam a desnudar-se, enquanto as folhas cobriam o chão em tons de pastel… O vento suão parecia agora conspirar, não sei se contra ou a favor das gentes, que caminhavam de um lado para o outro, feitas tontas. Nas ruas apetecia cantarolar Dolores Duran ou Jacques Prevert. O ar era agora mais ligeiro, fresco, cortante, cristal e trespassava a natureza com uma fúria animal. Os passáros partiam para novos vôos. As colheitas acabavam e Baco estendia a mão a Ariadne, pelo pincel de Delacroix. O orvalho cristalizava-se sobre os degraus de Jade e o céu estava agora tingido de vermelhos, magentas, amarelos, laranjas, violetas sobre o fundo profundo do azul índigo. Tudo indicava que o Outono chegara. Mas faltava-me o cheiro do meu país, o cheiro das castanhas assadas que perfumava toda a cidade. É verdade que uma andorinha não faz a Primavera, mas um assador de castanhas pode muito bem fazer o Outono. Eis o pormenor para ter o Outono a meus pés...