sábado, setembro 30, 2006

O estrume da virtude...

Quem nunca pensou dar uma moeda de menor valor a um ceguinho, visto que lhe priva a visão o discernimento imediato, e ao mesmo tempo sentirmo-nos reconfortados por o termos feito? E quantas outras vezes não ocorreu questionarmo-nos se não demos em demasia? Se ele é verdadeiramente ceguinho e se merece tanto? Aqui está a representação de um jogo ético com a nossa própria consciência. Ao reflectirmos sobre esta questão vamos assumir ou não os valores morais do nosso desapego material e da nossa dependência face à questão. As conclusões a que chegarmos, quase de certeza, que não passarão de um irónico lamento: o aforismo de que a aparência é muitas vezes o estrume da virtude: O espelho da condição egoísta do Homem. Somos todos uma cambada de cómicos e amargos ao mesmo tempo. Por muito que tente evitar rubugens de pessimismo, sentimentos àsperos sem nenhuma bem-aventurança no futuro ou uma postura niilista, entediante e sofredora da concepção da Humanidade, não consigo deixar de pensar que o carácter humano não apresenta melhoras e que os heróis estão em vias de extinção...se bem que ainda existam excepções. Acabei-me de lembrar daquele pai muçulmano que há uns meses viu o filho ser assassinado por judeus e mesmo assim não hesitou em salvar a vida a uma menina judia, doando-lhe os orgãos do seu filho morto. Se isto não é ser herói, ao menos deveria merecer o Prémio Nobel da Paz. Não?... Porque raio é que nem sequer foi nomeado?

sexta-feira, setembro 29, 2006

Uma só multidão.

Há alturas em que me sinto um verdadeiro Pessoa. Hoje é um dessas alturas. Não pelas qualidades poéticas que possuo, mas pelo "drama em gente" que em mim sobrevive. Sinto que preciso multiplar-me para me compensar. Não que a minha vida seja aborrecida. Não. Não que ela seja monótona. Não. Não que me falte alguma coisa de vital, também não. Só porque vive uma só multidão dentro mim... Sei quem sou, ou melhor, encontro a minha definição pelos outros. Sou o que sou nas resenhas que os outros fazem de mim. É muito ridiculo, mas para definir quem sou tenho de ir buscar a homogénica coerência e exactidão da imagem de que os outros fazem de mim..Limitativo, é certo, mas exacto. Como se os outros existissem também para me lembrarem quem sou. Foram os outros que me deram o nome, são os outros que me chamam pelo nome. Mas os outros não sabem que eu também me podia chamar Daniel, Ignnis, Chócó, Pietra, porque todos este nomes vivem em mim... São os outros que me lembram a minha idade. Mas os outros não sabem que entre mim e mim terei sempre 12 anos. São os outros que me dizem que sou sorridente e simpática. Os outros também sabem muitas coisas sobre mim. Sabem que aturo uma data de gente, que gosto de Chopin, melancia e praia. Sabem que estudo Letras e que gosto de Teatro. Sabem que não suporto grão-de-bico, feijão e que nunca danço em estado sóbrio. Os outros tomam-me sempre por consciente, responsável e equilibrada, às vezes por sensível e romântica. E na verdade, os outros não se enganam. A questão é que existe outra verdade, ou outras verdades. E nessas outras verdades eu também sou insensivel e dissimulada, maquiavélica e mórbida. Estridente e descontrolada. Nessas outras verdades os outros nunca desconfiaram que eu até sei dançar sóbria, até consigo suportar o cheiro das favas e que o Outono deixa de ser a minha estação preferida. E se fui eu que me dei a conhecer aos outros, se fui eu que lhes pintei assim o meu retrato, a quem eles devolvem a imagem, então só posso concluir que me ando a omitir e a limitar. A culpa só pode ser minha, mas infelizmente, os outros também, não me deixam ter muito mais retratos. Porque se eu pudesse "tornar publica" todas as personagens que habitam em mim, todos me acusariam de louca ou dissimulada, e na melhor das hipóteses, esquizofrénica. Eu sou um enorme face-face repleto de intermediários... é isso que sou, eu sou o fingimento e a verdade que isso representa. Eu sou a vontade de ser e "sentir tudo de todas as maneiras", eu sou a utopia para que "nada em mim exagere ou exclui". Vejo por entre as partículas e apoio-me na metáfora lúcida do passáro. De um pássaro que se atirou do 11oº andar e caiu no ar, e tal como um guardanapo ficou pairando, pairando, pairando ao sabor do vento sem nunca chegar ao chão, e mesmo que chegasse, chegaria intacto e saíria ileso desse falso vôo: a tentativa de ser ele mesmo.A chatice de sentir uma só multidão em nós, é que às vezes não temos o espaço e o tempo necessários para todos. E nem todos são conciliáveis.. A grande vantagem é que vamos descobrindo tudo com uma enorme facilidade...

Nota: Porque estas coisas de identidade e alteridade costumam roçar o aborrecido e o absurdo e porque os desenhos são muitos mais apelativos e divertidos, aconselho vivamente uma vista de olhos prolongada pelo site do Rui Ricardo:uma multidão divertida e actual pela pena de um artista só!

E da noite fez-se Branco!

Tal como anunciei ha uns tempos atrás, este blog vai finalmente ganhar uma nova parceria. Isto é, vou deixar de ser a monopolizadora aqui do sitio e partilhar o poder da palavra com alguem muito especial. Tao especial, que deveria ter direito a passadeira vermelha, champagne, serpentinas, Byork aos berros, Chopin a quatro mãos, uma grande fanfarra e um saco cheio de amoras acabadas de apanhar de proposito só para ele! Não estou nada a dar ênfase a mais! Infelizmente e por enquanto, isto ainda não é viável, ciberneticamente agindo. Por isso, vou ter de restringir a cerimónia oficial de boas vindas com um grande " Seja muito bem aparecido! Mais vale tarde do que nunca! E olhe, nao ganhamos o concurso da lomo, mas veja lá como ficamos bem na digital! :) ". De referir, que o atraso do amiguinho ficou a dever-se à ausencia insular a que se teve de sujeitar: dias e dias passados nas Desertas e noites e noites passadas nas Berlengas! O verdadeiro faroleiro em prol do desenvolvimento cientifico e do canto dos passaros! Na verdade, o amiguinho já estava previsto na génese do Tonto! Mas ocíos do oficio (lolol) adiaram-lhe a entrada em a cena... Resta dizer-me que espero que comunique o que lhe vai na alma ( se acredita nestas transcendentices), que escreva todas as sinopses que lhe vierem à cabeça e que nunca se esqueça que : " Nos temos cinco sentidos" que são " dois pares e meio de asas?" e que isso basta-nos!
Welcome to Tonto!
King regard's!
;)

quarta-feira, setembro 27, 2006

Crónica do nono mês: Ramadan

Uma das minhas mais recentes companheiras de residência confessou-me que falhou o primeiro dia do Ramadão. Que foi ha 3 dias. Disse-me que pôs o despertador para as 5h00 da manha, mas que não conseguiu levantar-se para o Su-Hoor, ou o pequeno-almoço antecipado. Disse, num tom desiludido (que depressa passou ao convicto), que não voltaria a acontecer e que hoje e nos dias que se seguem não iria falhar o ritual. Explicou-me que "durante o ramadão, apagamos os nossos pecados" e que por isso mesmo "vale a pena sofrer um bocadinho". E apesar de não fazer as preces durante o resto do ano, o Ramadão, esse, é imperativo. Isto, porque " é o minimo que alguém que se diz muçulmano (e seja saudável) deve fazer". Adiantou-me, que na generalidade, o mais dificil é superar a fome, o vicio da pastilha elastica, e se ainda estiver muito calor, às vezes a sede. Até às 20h não pode ingerir nada. O por-do-sol assim o obriga. E tudo isto dura um mês. Um mês que todos os muçulmanos consideram de renovação da fé, da prática mais intensa da caridade, de vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar, um mês de maior proximidade aos valores sagrados, à leitura mais assídua do Corão, de ida regular à mesquita. Um mês de correcção pessoal e autodomínio. Um mês também, em que nas horas onde a luz solar reina a minha vizinha nao pode pintar as unhas, por perfume, dar beijinhos ao namorado ou cantarolar alegre da vida. E, além de se privar disto, como crente, não deve sequer pensar nestas coisas: o perfeito jejum em pleno dia, para sentir na pele o que o que "os mendigos" sentem: a fome e a falta de afecto. Uma outra maneira de despertar a consciencia para poder ajudar os mais desfavorecidos. Cai a noite e as coisas mudam. A abstenção cede lugar à celebração do Iftar, um jantar a saber a festa e a convivio familiar. É cada vez mais frequente, dizem os entendidos para a admiração de muita boa gente, que muçulmanos ofereçam e celebrem um iftar aos seus amigos, alguns deles de outras crenças. Pois eu confirmo. Fui uma das contempladas com um iftar. Uns amigos tunisinos da minha antiga morada convidaram-me para um iftar. Aceitei de muito boa vontade e com bom grado. Como declinar um convite tão sugestivo? Gostei muito. Aprendi uma data de coisas, saboreei outras tantas e até fumei chicha a saber a maçã. Delicioso. Claro, que não me converti, mas começei a interpretar o Ramadão no mesmo contexto que interpreto a Quaresma ou a Sexta-feira Santa e sobretudo aprendi a respeita-lo, independentemente da crença que me rege. Afinal, esta na fe e fundamentalmente na liberdade de cada um, seguir ou não, prolongar ou não os rituais que nos sugerem... Se o Ramadão é de celebração da fé, nao vejo inconvenienes. Se isso pode trazer alegria e bem estar espiritual até acho muito bem! O importante não é so o fim a que se quer chegar, mas sobretudo os caminhos que escolhemos para alcançar a finalidade. E entendo como finalidade a felicidade. É verdade, que todas as ruas nos levam a todas as ruas, e cada caminho tem paisagens e atalhos diferentes. As vezes perdemo-nos, desorientamo-nos, desmotivamo-nos, as vezes temos de andar kilometros e kilometros para encontrar uma nova placa de orientação. O nosso norte ou o nosso leste. Ha quem prefira caminhar pelas falesias que roçam o mar, ha quem prefira caminhar pelas montanhas que roçam as nuvens, há quem prefira os trilhos rochosos do magma. O caminho devera ser sempre uma escolha nunca uma imposição. Se bem que a primeira das instancias será sempre uma circusntancia. O percurso esse, mesmo que seja solitario, deve ser partilhado, como se partilha um album de fotografias, um diario de viagem. Nao tambem como imposiçao, mas como uma história. É a partilha das paisagens e das vivencias com o nosso interlocutor que constitui a verdadeira riqueza e um dos verdadeiros pilares rumo ao conhecimento e à tolerancia, que tanto tem escasseado ao longo da historia. O nosso cantinho galactico é isso mesmo, uma bola redonda achatada nos polos com uma singela e rica diversidade paisagistica e humana. A ampliação ao diálogo interreligioso, intercultural, interpessoal é meio caminho andado para a Feliz Coabitação entre os Homens. Um cristao, um muçulmano, um budista, um indu, um judeu, um ateu e um agnóstico, sentados a mesma mesa a fumar uma chicha a saber a maça deveria ser uma coisa vulgarissima. Pena que a maior parte das pessoas de deixe levar tanto pelos fundamentalismos e pelo que nos impoe a comunicação social (a questao do Papa e do Perdão, do Mahomed, das caricaturas, dos relatórios americanos que nos ditam numeros de terroristas muitas vezes "inconfirvámeis", tudo isto vende tão bem). Quanto a mim, da proxima vez, vou provar chicha a saber a amora e convidar o Shiang Haiki, outro amigo, a vir comigo. Acho que ele vai gostar. Até lá, tenho a garantia que nos próximos dias não vou ter de levar com do cheiro do verniz das unhas da minha mais recente companheira de residencia. E se querem saber, ainda bem! :)

Rangia entre nós dois a música da areia



Rangia entre nós dois a música da areia
como se fosse Agosto a dedilhar um sistro
Agora está fechada a casa onde te amei
onde à noite uma vez devagar te despiste
Floresça o clavicórdio em pleno mês de Outubro
Na harpa de Setembro entrelaçou-se a vinha
A que vem de repente entre os dois este muro
feito de solidão de sal de marés vivas
Podia conjurar-te a que não me esquecesses
mas é longe do Mar que os navios são tristes
De que serve o convés com a sombra das redes
Quis a tua nudez Não quis que te despisses

George Braque&DMF

Chocódrunfos

Chocó e Drunfos são dois amiguinhos. Viveram muitos anos no Largo do Menino de Deus na terceira janela a contar da esquerda. Nunca fizeram grandes estudos, mas sempre gostaram de partilhar pastilhas elásticas e mandar balões d'agua as velhinhas da Bica. Uma vez, foram apanhados pela bófia, por roubarem peúgas dos estendais. Não lhes serviu de emenda e passaram a roubar cachecois. Num desses assaltos, em circustancias que se mantem desconhecidas, Drunfos levou com um porta-chaves redondo em forma de Portugal na testa e nunca mais recuperou. Chocó para vingar o amigo espetou uma murraça no porta-chaves, que por sua vez espetou dois socos a Chocó e este perdeu os dentes da frente. Mas isso nao a impediu de ir pro Bairro Latino meter-se com espanhois, enquanto Drunfos ficava pelo Alto a meter-se com brasileiras. Meteu-se tanto à besta que também se habilitou a uma seria sova do capanga irmão e ficou sem dentes... igualmente. Desdentados, sem padrinhos para financiarem a renovação dentária e banidos de vez da sociedade ideal, começaram por dançar quizomba pra ganhar a vida, mas depressa perceberam que o futuro passava pelo hip-rap. Isso mesmo, tornaram-se dançarinos. Ate ao dia em que o Mac Donalds chamou Chocó para a sua filial no Gabão. Drunfos fartou-se da terceira janela a contar da esquerda e na altura pode fazer um crédito bonificado e comprou um T4 nas Avenidas Novas, com os trocos que arranjou na Ladra a vender cachecois. A inveja foi tanta e o mau olhado das velhinhas da Bica tao intenso que tudo isso perturbou a sanidade de Drunfos, que nao resistiu e começou a dar na Coca. Começou pela sem cafeína, mas ao fim de uns meses e uma barriga em forma de balão, passou para light. Não serviu de muito. E em pouco tempo consegui levantar vôo de tão inchado que estava e juntou-se a Chocó no Gabão. Chocó com tantos hamburgers também tinha conseguido inchar a barriga. O que foi muito útil porque assim os dois amigos de sempre puderam levantar vôo e sobrevoar o mundo inteiro, basicamente de borla. Uma vez, o anticiclone dos Açores perturbou a viagem e tiveram de fazer escala na paragem mais próxima. Ironia do destino, aterraram em Cabo Ruivo. Estava na mesma. Havia agora uma estação de metro. Chocó e Drunfos decidiram entao conhecer as renovaçoes do sistema ferróviario da sua cidade. Estavam em pleno metro quando uma das brasileiras que Drunfos havia conhecido no Bairro Alto lhe envia uma mensagem. Como nao tinha rede no telemovel (que havia adquirido ao Meireles, há largos anos na Cova da Moura), nao recebeu a mesagem, que dizia: "Tou em sua cidade para assiti ao festivau que tem o nome da minha. Saudades. Iliana" Este infortunio fez com que se perdesse uma linda historia de amor entre Drunfos e a Carioca. Mas a vida é mesmo assim e Drunfos nunca chegou a perceber que o seu grande amor se chamava Iliana. Sairam na estação que fazia correspondencia com uma linha mais antiga e descobriram que a fonte que outrora era luminosa estava entregue ao abandono e já nao iluminava ninguem. Tiveram um desgosto e voltaram a levantar vôo. Os próximos voos destes dois amiguinhos serão narrados noutros capitulos, que ficam desde já prometidos. Não os percam de vista porque Chocó e Drunfos onde quer que estejam estao sempre atentos a vossas mêrcesses. Ao que parece andam a ver se arranjam os dentes...

segunda-feira, setembro 25, 2006

prespectiva on fire

Quero uma rua de Roma!

Tragam-me uma rua de Roma!

Levem-me a uma rua de Roma!

A conta por favor..

e uma rua de Roma...

sábado, setembro 23, 2006

Nos jours


Teoria: Nos dias que correm podemos ser bi, homo, trans, zoo, sado, maso, swimers, mas é proibido sermos velhos e gordos.

Pratica: O pecado é, de resto, a única cor viva que subsiste...

Estou furiosa!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Sorte

Sorte: s. f., destino; fado; dita; fortuna; ventura;acaso; risco; quinhão que tocou em partilha; sorteio militar; bilhete ou esferazinha nas rifas ou lotarias...

***

Sorte de ter um sitio tao bravo como este...
Bem de crescer neste abrigo de partida,
(onde se torna sempre urgente regressar)
Sorte de poder trazer comigo cada sal na despedida e ter ainda cada areia ao regressar.
Bem de nao emudecer... com a tempestade!
Sorte de nao cegar a vista... o farol.
Bem de te querer amar neste sitio poderoso como mundo.
Sorte de poder idealiza-los...

***


Come Here

La chanson, comme l'histoire, nous prend aux tripes: simple, courte, claire, émouvante,passioneé par Kath Bloom...

sexta-feira, setembro 08, 2006

Blog em férias

Vamos fechar, temporariamente, para as tao almejadas férias. Já não era sem tempo...Voltamos a encontrar-nos dentro de semanas. Prometemos voltar com muitas novidades, novos amiguinhos e uma enchente de coisas pra partilhar. Até lá... não deixem de dar uma vista de olhos no Hi5 porcas!!! - um conceito engraçado para os mais voyeuristas!! Ou então no Hi5 porcos. Idem Ibidem.
Até jáaaaaaaaaaaa....

terça-feira, setembro 05, 2006

Basta de emails FWD racistas!

O nosso manifesto: Basta de FWD racistas!

por T.Ribeiro e P. Cancela


Na sequencia do e-mail que recebemos esta manhã intitulado, "Chineses - Aqui está já mais do k um episódio", não nos conseguimos coibir de reenviar, a todas as pessoas que o receberam ao mesmo tempo que nós, a nossa resposta e a nossa mais profunda desilusão, por continuar a circular e a entrar gratuitamente, nas nossas caixas de e-mails, textos com este teor.

Na mensagem em questão, o/a autor/a, que aqui assina Carla Nobre, denúncia num tom agressivo, mal criado e sarcástico, " um episódio impressionante", que lhe "relataram": Os Chineses da loja Agueda, sequestraram uma criança com o intuito de lhe retirarem os orgãos para os traficar depois. E o mesmo, ouviu a autora, teria acontecido numa loja de chineses de Aveiro. Argumentos que a levaram a concluir:
"É ESTE O AGRADECIMENTO DOS CHINESES AO ESTADO PORTUGUÊS, por não
lhes cobrar impostos durantes 5 anos para abertura de lojas.
Puta que os pariu, éra mandá-los todos recambiados para a
China..."

Ora, tivemos a paciência de ler o e-mail até ao fim (geralmente não temos) e depois de impressionados com esta conclusão (mesmo que os acontecimentos tivessem sido verídicos,continuamos a acreditar que é falacioso e errado tomar o todo pela parte), decidimos levar a cabo uma pequena investigação.
Não encontramos nenhuma referência em nenhum jornal (nem em nenhum orgão de comunicaçao social) aos factos que Carla Nobre re-relata. O que, à partida é de estranhar... se a história fosse verídica, com certeza, que antes de chegar aos ouvidos de Carla, chegaria primeiro aos ouvidos da polícia.. e conseguinte, aos microfones e as impressoras da imprensa....visto que se trataria de uma coisa realmente grave.

A única coisa homografa que conseguimos descobrir, foi um post no blog www.ofuncionario.blogspot. Onde, o bloguista reconhece que vai trancrever uma mensagem "demasiado rebuscado e roçando o racista", mas, infelizmente, transcreve-a... Aqui, encontramos então o mesmíssimo texto, (palavra por palavra, linha por linha, parágrafo por parágrafo, ou como se costuma dizer por aí "tim tim por tim tim). A única alteração que se regista é que desta vez a assinatura se faz no masculino: Carlos Fernandes.... que provavelmente também ouviu dizer "que contaram" e voltaram a contar e "disseram que"... na loja de chineses de Agueda se fazia trafico de orgãos...

As questões que gostariamos de levantar são as seguintes ( e que gostariamos sinceramente que as pessoas reflictam nelas):

Acha realmente plausível, que esta história sem fundamentos nem provas, possa ser verídica?

Acha que é correcto andarem a enviar FWD a insultar e a denegrir a imagem de um povo que veio tentar aqui, neste jardim à beira mar plantado, aquilo que os nossos compatriotas jà tentaram (e ainda tentam) for esse mundo fora? De um povo (chinês) cujas costumes e tradições enriquecem a nossa sociedade actual e cujo peso na nossa economia se assume cada vez mais !

(pena que haja mentes perversas capazes de deturpar quem tenta levar uma vida honesta de trabalho fora do pais onde nasceu !)

Já pensou que este mail pode não passar de um ataque de um comerciante lesado pela concorrência chinesa, que muitos consideram desleal, mas que não é?

Já pensou que este mail pode não passar de um daqueles anuncios mascarados, que publicitam essa triste politica xenófoba e racista de querer " devolver Portugal aos Portugueses"... (como se os portugueses tivessem só em portugal), que a Frente Nacional Portugesa (FNP) anda por ai a propagar????
Parece que o que é realmente preocupante, gravoso, faltoso, deprimente e chocante nesta mensagem e em todas as mensagens do género, é o RACISMO, e a INTOLERANCIA que nela se traduz e que por ela se veicula!!!!
São várias as organizações que se dedicam a esta causa e que lutam a cada dia que passa contra as atitudes racistas e xenófobas. De aproveitar agora, para passarmos a nossa "publicidade" :

S.O.S Racismo: http://www.sosracismo.pt/
União Europeia:http://europa.eu/index_pt.htm
Amnistia Internacional: http://www.amnesty.org/

Lembrem-se que muitos gestos pequenos, em muitos lugares pequenos, feitos por muita gente pequena, podem transformar o mundo!!!

Minha Aldeia
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
António Gedeão

"Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor de sua pele, pela sua origem ou ainda pela sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar" Nelson Mandela

Muito agradecidos aos que nos leram até ao fim....