quinta-feira, maio 31, 2007

Amour, tu me tueras .


(Para alguém que provavelmente não gosta de canções como esta.)

Je veux mourir dans ton lit,
Non pas de pleurésie,
Mais mourir assouvi
De tes cajoleries.
Amour tu me tueras
Ton premier vrai soupir
Pour mon dernier soupir
Et te faire tressaillir
Avant de m'évanouir.
Amour tu me tueras.
Amour tu me tueras
Amour, le doux trépas
Dans tes bras.

Quelle belle fin pour moi
De mourir dans tes bras
Et mon linceul de roi
Dans la soie de tes bras.
Je veux mourir pour ton plaisir
Et quand on m'enterrera,
Non pas d'alléluia
Mais le Kamasutra.
Sur ma tombe on gravera
"À la vie, à l'amour".
Amour, tu me tueras
Amour le doux trépas
Dans tes bras.

Jacques Dutronc

domingo, maio 27, 2007


Choveu o dia todo, inesperado para o meio da estação. Espirito domingueiro, aqui por casa. Chá, torradas e compota de pêra e amêndoas da minha amiga Vanda Maria. Filmes antigos, pelo meio. No final a protagonista confessa:"Le coeur d'une femme c'est un ocean de secrets". Peguei na bicicleta e fiz-me pela cidade. 40 minutos bastaram. Entrei a desoras e encharcada. O lado direito continua longe. Os mesmos segredos. Amanhã estou doente. Mas que importa isso?

you are welcome to elsinore.


you are welcome to elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny